terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A arte de ouvir Não.

Época de procurar emprego é época de ouvir vários “Nãos”.

Ouvir “Não” é uma arte, e eu sou um arteiro nato nesta modalidade.

Já transitei por todos os estilos, ou modalidades, de se receber esta negativa. Quando jovem, dos oito até meus 15 anos, eu era classificado como “pacificador”. O Pacificador é aquele que ouve o “Não”, o absorve e se abstém de qualquer conflito. Como um “acordo de paz”, um fala e o outro concorda. Exemplo: Meu primeiro dia na escola. Eu, de franja no rosto, pernas tortas, magro que dava dó, chegava ao meus coleguinhas e dizia:

- Oi pessoal. Posso brincar?
- NÃO!
- Ok.

Sim é patético, os pacificadores ficam mesmo com esta fama de “Bunda-mole”, mas talvez o mundo fosse um lugar mais tranqüilo de se viver se houvessem mais pessoas assim, tipo:

- Oi Jacob. Posso ficar com Jerusalém?
- NÃO!
- Ok.

O grande problema é que ninguém permanece um “pacificador” muito tempo, eu sou um exemplo disso. A partir dos 16 anos me tornei um “Agitador”, um recebedor de “nãos” que simplesmente não sabe receber um “não”. Reparem:

- Oi pessoal. Posso brincar?
- NÃO!
- ENTÃO ENFIA ESTA PORRA NO CU E RODA SEU BAITOLA.
Perceberam a mudança no diálogo?

O “agitador” é um inconformado por natureza, ele briga e contesta absolutamente tudo. Fiquei assim boa parte da minha vida. Acreditava na minha verdade e nada mais. As pessoas diziam que esta teimosia era característica de touro, com ascendente em virgem, com descendente de italiano e dependente de álcool, mas isso é besteira. Esta birra e “chatura” nada mais é que um estágio na vida de um mal recebedor de “Nãos”.

Mas tudo evolui! Você aprende com seus erros, e no caso dos “nãos”, isso NÃO é exceção. Depois de algum tempo, você consegue ver que a solução não é ser nem um “pacificador”, nem um “agitador, o ideal é combinar as características positivas de cada um, se tornando assim, um “Negociador”.

- Oi pessoal. Posso brincar?
- NÃO!
- Ok, concordo. Mas por que não? Tenho habilidades físicas e motoras que me permitem desempenhar tal jogo. Posso não ser tão ágil quanto os senhores, mas garanto ser de grande auxilio na brincadeira que aqui acontece.

Olha só que beleza. Agora não só temos a cordialidade de um, como também temos a contraproposta, muito mais elegante e sem ofensas, do outro. Você até poderá ouvir outro não, mas talvez não. As pessoas podem te escutar e você, finalmente, pode começar a brincar.

O importante é aprender com cada “não” . Ele é um sinal que algo ainda precisa melhorar. Que você precisa arrumar algum pequeno detalhe, ou um grande defeito, naquilo que você persegue. Receber um “sim” é muito bom, te dá a sensação de perfeição, mas já dizia a afirmação básica de vovó, “ninguém é perfeito”. Melhor a realidade de um “não”, do que as vezes a ilusão provocada por um “sim”, não é não?

4 comentários:

  1. ..."As pessoas diziam que esta teimosia era característica de touro, com ascendente em virgem, com descendente de italiano e dependente de álcool"...

    ADOREI!!!!!!
    eu ainda mando eles enfiarem a bola no e rodar... e deposi disso q tirem cheirem e lambe pq eu nao quero mais brincar com eles! hahahaha

    Grande evolucao minha pequena crianca!

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  2. - Oi pessoal, meu nome é Harry Callahan. Posso brincar?

    - NÃO!

    - Ok.
    (pega uma Magnun 44 e dá um tiro na bola)

    - Oi pessoal, meu nome é Dirty Harry. Posso brincar?

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  3. hahahaha
    gostei!
    e não é que receber não é uma das coisas mais difíceis até hj??
    eu não soube a vida toda, mas hj, to mais tolerante... rs
    mas peraí... receber um não, ok... mas ele obrigatoriamente deve vir acompanhado de um básico por quê?
    senão...
    nada feito!!!
    continua a saga do busão mágico, lembra um pouco balão mágico, infância, ta muito legal!!!
    bjao e quero ler mais...

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